OLAVO DE CARVALHO, O ALUCINADO E IRRESPONSÁVEL QUE CRIOU UMA SEITA DE ZUMBIS PARA SUSTENTÁ-LO

"Ele é um guru. Criou uma seita de fanáticos seguidores. Se ele falar que o céu é cor-de-rosa, vão acreditar. Mudou o grupo, o discurso, os hábitos, mas continua sempre sendo uma seita de zumbis cegos que não o questionam."
Olavo de Carvalho, guru dos bolsonaristas

Em poucos anos, Olavo de Carvalho, figura obscura, sem projeção e sem qualquer reconhecimento acadêmico, passa a ocupar o centro do poder político brasileiro.

Considerado o guru ideológico do governo Bolsonaro, é responsável pela indicação de pelo menos dois ministros e vem sendo o mentor intelectual de vários ocupantes de cargos na administração e na política. Olavo simboliza hoje os contraditórios valores conservadores brasileiros e, no passo disto, instiga algumas das mais destrutivas estratégias na guerra cultural que ele e seus discípulos empreendem.

Através do olhar incisivo de Heloisa de Carvalho, a filha mais velha deste guru e testemunha ocular destes relatos, a faceta sombria e controversa de Olavo, que ele tanto tentou ocultar, se expõe: seus vínculos com escandalosas seitas esotéricas, sua vida errática e desregrada, o grave abandono intelectual dos filhos, e toda uma trajetória pessoal e profissional centrada no culto à própria personalidade que, contra todas as expectativas e quase que desafiando a lógica, tornou-se uma incontornável referência intelectual da chamada “Nova Direita” do país.

Um novo que aponta para o passado – para a longínqua Idade Média -, concorrendo para o retrocesso dos avanços sociais a tão alto custo conquistados pelo povo. Esperamos que as revelações biográficas de Heloísa sejam uma gota no oceano da necessária frenagem da difusão e defesa dessas ideias torpes e contraditórias. Não nos importa o homem, mas sua trajetória tem a ver com suas ideias e suas práticas, daí a importância da leitura desse livro.

O que você acabou de ler é a sinopse do livro "Meu Pai, o Guru do Presidente - A Face Ainda Oculta de Olavo de Carvalho" da Kotter Editorial.  Escrito por Heloisa de Carvalho de 50 anos, mais velha dos oito filhos de Olavo e pelo filósofo, escritor e youtuber Henry Bugalho. Os dois escancaram o passado da família com a qual ela não tem mais nenhuma relação. Com o pai, cortou o contato em 2017, quando tentou interceder por um dos realizadores de um documentário sobre Olavo que se sentiu injustiçado com falta de créditos. "Depois disso, ele me bloqueou de tudo. Então, eu disse: 'Peraí, agora vou chutar o balde'". Foi quando começou a divulgar as acusações contra o pai.

Em entrevista a página Universa da UOL, Heloísa fala sobre as pessoas comprarem uma fraude:

"O objetivo dele sempre foi ter muita influência e poder. Eu nunca achei que conseguiria. De repente, ele conseguiu, e eu me vi em uma questão pessoal e moral de falar: "Peraí, vocês estão comprando uma fraude". O cara fez tudo o que fez com a família, deu golpe financeiro em amigos, na editora que editava os livros dele. Ele diz que era da tariqa [organização esotérica islâmica], mas que não era muçulmano. Como não? Montou uma comunidade islâmica com 30 pessoas dentro de casa, tinha várias esposas. Eu fui casada no islamismo quando tinha 16 anos. Tive que me converter para ser do grupo. Era a comunidade que meu pai montou dentro de casa. Tem uma postagem dele dizendo que nunca saiu de uma igreja católica. como assim?"

A escritora também relata que quando criança passou por 'abandono intelectual', que o pai não estava "nem ai" pra ela, não cumpria com suas obrigações, muito menos financeira, até que uma tia apareceu e ela pediu: "pelo amor de Deus, me leva embora" e foi morar com a tia, então a partir daí, já com 14 anos é que foi estudar e fez o Mobral (programa de alfabetização de jovens e adultos criado pelo regime militar).

Em um dos capítulos do livro com o título "A barca egípcia e outras histórias bizarras", ela conta uma episódio digno de internação psiquiátrica: "meu pai sempre teve questões de entrar em crise, de delírio de seita e de loucura. Entrou no porão da casa em que morava, em Pinheiros [zona oeste de São Paulo], se fechou lá para construir uma barca egípcia, para transmigrar, coisa da seita, uma coisa de louco. Minha madrasta se apavorou, chamou a polícia."

Sobre a família, ela conta que cortou relações com todo mundo e diz que não há magoas: "Não é mágoa. A questão não é essa. Eu mostro no livro um histórico, que se repete desde os anos 1980: o modus operandi de manipulação, convencimento e idolatria. Todos os meus irmãos estão do lado dele, alguns porque não têm saída. O Luiz Gonzaga, o Tales e o Davi não conseguem emprego, não têm ensino fundamental. Eles vivem às custas da marca Olavo de Carvalho, já que os seguidores também começam a compartilhar coisas dos filhos."

Em novembro, o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), anunciou que convocaria Heloísa para depor na CPI das FAKE NEWS, ela diz está aguardando o convite e que vai falar que Olavo além de espalhar notícias falsas, ainda as produz.

Bacharel em direito, Heloísa de Carvalho ironiza o pai ao chama-lo de guru e aponta: Ele é um guru. Criou uma seita de fanáticos seguidores. Se ele falar que o céu é cor-de-rosa, vão acreditar. Mudou o grupo, o discurso, os hábitos, mas continua sempre sendo uma seita de zumbis cegos que não o questionam.

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