EX-DITADOR AUGUSTO PINOCHET SERÁ HOMENAGEADO NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO, A PEDIDO DO PSL

A ditadura chilena é conhecida por ter sido especialmente cruel com as mulheres. Das 3.621 mulheres detidas, 3.399 foram estupradas e sofreram diversas humilhações.

O Chile de Pinochet: das reformas econômicas às mais de 3 mil mortes

No próximo dia 10, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), fará um ato em homenagem à memória do ex-ditador do Chile, Augusto Pinochet.

A proposta é do deputado estadual Frederico D’Ávila, do PSL. A cerimônia foi marcada em meio à onda de protestos no Chile, que questiona a herança constituinte deixada pelo ditador.

Nesta sexta-feira (20), o ato foi alvo de críticas nas redes sociais. Uma delas envolve o fato de que, na agenda de homenagens, não está escrito o nome completo do ex-ditador, mas sim Augusto P. Ugarte, que é seu nome completo, porém pouco conhecido.

Sobre o Homenageado da ALESP

O ex-líder do Chile, Augusto Pinochet foi responsável por instaurar o regime militar em seu governo, durante os anos de 1973 e 1990. Conhecido pelas atrocidades deste período, Pinochet ordenou a execução de milhares de pessoas e torturou outras dezenas de milhares.

Após o golpe, tropas invadiram casas em busca de simpatizantes da esquerda. Estudantes, escritores, católicos, indígenas e trabalhadores sindicais foram enviados para os centros de tortura, localizados em Santiago. Mais de 60 desses locais operavam 24 horas por dia, na região metropolitana, sendo considerado um grande campo de concentração.

Durante o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, Salvador Allende teve a casa bombardeada pelos militares. Já o ministro da defesa e ex-aliado, José Toha foi preso e torturado até a morte, logo após o golpe. A traição chocou a todos, mas era apenas o começo de uma série de crimes estabelecidos pelo regime militar.

A ditadura pinochetista foi especialmente cruel com as prisioneiras: a Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura, indicou que, de um total de 3.621 mulheres detidas, 3.399 foram estupradas de forma individual ou coletiva pelos militares. Destas, pelo menos treze mulheres ficaram grávidas. E delas, seis deram à luz os filhos indesejados de seus torturadores. Os militares chilenos também colocaram ratos vivos dentro das vaginas das prisioneiras. Além disso, utilizaram cachorros (pastores alemães e mastins) para violar as prisioneiras.

Depois de deixar o cargo de ditador, Pinochet continuou tutelando a democracia chilena como chefe do exército até 1998. Nesse ano, transformou-se em senador vitalício, fato que lhe concedia foro privilegiado. Mas, seis meses depois, em uma visita a Londres, foi detido pela Interpol a pedido do juiz espanhol Baltasar Garzón, que o acusou de crimes contra a Humanidade e terrorismo internacional, propondo o conceito de extraterritorialidade. Pinochet permaneceu 503 dias na Grã-Bretanha, ao longo dos quais parecia que estava ficando em crescente estado senil, sentado em uma cadeira de rodas. Quando os médicos o examinavam para ver se estava realmente senil, o general respondia de forma desconexa, como se estivesse com Alzheimer. Analistas políticos em todo o planeta suspeitavam sobre a acelerada decrepitude que Pinochet exibia e que foi o argumento definitivo de seus advogados para conseguir sua liberação para retornar ao Chile.

O ex-ditador finalmente partiu de Londres com a expressão no rosto de que era um vegetal humano. Pinochet desceu do avião em uma grua, sentado em uma cadeira de rodas e com uma bengala na mão. Quando a cadeira chegou ao chão, Pinochet se levantou, abraçou amigos e caminhou rapidamente, pela pista do aeroporto. Os chilenos (e o resto do planeta) observavam a cena boquiabertos. O ex-ditador, longe de estar senil, exibia grande agilidade, enquanto conversava animadamente com os amigos que o recebiam no aeroporto. Os críticos de Pinochet destacaram que ele havia trapaceado a Justiça e a comunidade internacional fingindo que estava senil.

Ironicamente, Pinochet morreu um 10 de dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

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