O cenário é desolador para os amantes do futebol cearense
Foto Arquivo:Rondinelly Mota
O FUTEBOL CEARENSE VIVE um momento delicado, clubes com tradição estão a beira da falência, estruturas precárias ou quase inexistente, a falta de apoio da iniciativa privada e a seletividade de convênios públicos inviabilizam o desenvolvimento do futebol profissional, sobretudo no interior do estado.
Durante o Primeiro Seminário de Futebol Feminino do estado do Ceará, evento que pautou os desafios e avanços da participação feminina no futebol no último dia 17, Maria José Vieira, uma das raras mulheres que ocupa cargo de gestão em clubes do futebol brasileiro questionou o tratamento dado ao esporte, segundo a presidente do Futebol Clube Atlético Cearense, time da primeira divisão do campeonato estadual, “o futebol cearense precisa de atenção”, fazendo um paralelo entre o futebol masculino e o feminino, ela destaca que as condições dos times masculinos que não possuem uma grande massa de torcedores, são semelhantes ao futebol feminino, sobretudo no que se refere à dificuldade de se conseguir patrocinadores.
Maria José Vieira / Foto Reprodução: Atlético Cearense
“Nós não temos patrocínio, por quê? O que os patrocinadores nos dizem é que nós não temos torcida”
O Atlético Cearense possui um patrocinador master, empresa mandatária do clube, porém essa não é uma regra geral, é a realidade dos clubes considerados “pequenos”, o futebol encarece a cada dia que passa, porém sobressaem aqueles com grandes torcidas que servem de vitrine para grandes marcas, porém como se não bastasse, Maria denuncia que seu clube foi impedido de receber uma cota que o governo do estado paga através de lei orçamentária, destinada a clubes cearenses que disputam o campeonato nacional em qualquer divisão “nós não recebemos porque, segundo eles (governo), eles (Atlético Cearense) eram time de empresários", contudo repasses semelhantes são concedidos anualmente a clubes como Ceará e Fortaleza, que juntos, só em 2019, receberam algo em torno de Três milhões do Governo do Estado do Ceará.
“Não estamos refletindo sobre o futebol que está fora dos grandes clubes”
A disparidade de tratamento, subjetiva ou não, trata-se a partir do princípio sobreposto pelos patrocinadores, onde há claramente o interesse também por parte do estado em priorizar clubes de grande torcida, congelando o desenvolvimento do futebol do interior e clubes “menores” da região metropolitana e até mesmo da capital, uma vez que as regalias são concentradas em apenas dois clubes.
O reflexo disso tudo, podemos ver na copa “Taça Fares Lopes”, competição que premia o campeão com uma vaga na Copa do Brasil do ano seguinte, este ano com nove times na disputa, apenas dois são do interior do estado, o restante da capital e região metropolitana, um certame de baixo nível técnico, clubes com pouca estrutura, pouco atrativa para o público e rendas que na maioria das vezes não fecham as contas da partida, ainda assim, se os times quiserem jogar em estádios como Presidente Vargas, equipamento esportivo quase abandonado, tem que desembolsar algo em torno de R$ 20.000,00 para pagamento de taxas e aluguel, na Arena Castelão os valores são ainda mais altos, contudo não é apenas na capital que há esse abuso, mas também no interior, o Guarany de Sobral, por exemplo, mesmo fazendo a manutenção do gramado do estádio do junco, que seria competência da prefeitura, paga aluguel para mandar seus jogos no único estádio da cidade, que por sinal encontra-se necessitando de formas.
O cenário é desolador para os amantes do futebol cearense, sobretudo aqueles que moram no interior, clubes como Icasa, Horizonte, Guarani de Juazeiro, Itapipoca, Limoeiro, tradicionais, outrora tiveram a oportunidade de brilhar na primeira divisão.
O Guarany Sporting Club ou Guarany de Sobral, possui um patrocinador máster que contribui significativamente para a manutenção da existência do clube, pois até novembro de 2018 seu futuro incerto e o caminho mais provável seria o da falência, porém gestores de um grupo de empresas, entre elas o Centro Universitário INTA, estendeu a mão, pois enquanto torcedores do Guarany, não aceitavam a situação do clube que até então era basicamente mantido pela prefeitura municipal de Sobral, mas que pelos empecilhos financeiros, herança de outras gestões, inviabilizaram repasses e convênios entre clube e gestão municipal.
Que futebol é caro, já se sabe, mas o que será feito para mudar as perspectivas e as regalias de poucos em detrimentos de muitos, são questões ainda sem resposta. O futebol cearense ainda suspira, mas pede socorro!
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