Neste momento no Brasil há mais de 1300 escolas ocupadas por
alunos do movimento estudantil contrário a Proposta de Emenda Constitucional, PEC
241 que define um teto de “gastos” para setores básicos, dentre eles a
Educação.
A PEC 241 limita os recursos para educação através do
chamado “teto”, que segundo o projeto terá reajustes de acordo com a inflação.
Entretanto economistas refutam a ideia e a possibilidade das medidas. A COFECON
(Conselho Federal de Economia) representante de mais de 230 mil economistas do
país se posiciona contrariamente.
Os recursos que o governo insistentemente classifica como “gastos”,
são insuficientes para ofertar um serviço público de qualidade, todavia
escondem os reais motivos para essas medidas e põe sobre os ombros da classe mais vulnerável, trabalhadora a missão
de carregar ainda mais peso, ao mesmo tempo que isentam os “de cima” e cobrem com cortina de fumaça a ineficiência no combate a sonega fiscal, o elevado
nível de corrupção e os gastos com juros da dívida pública, esta última responsável
por 80% do déficit nominal, além dos gastos com parlamentares intocáveis que custam bilhões por ano.
Os ocupantes das escolas públicas contestam todos os esses
pontos, porém o movimento vem sofrendo ataques, abusos e ameaças constantemente
nas redes sociais e até mesmo com invasões capitaneadas principalmente pelo MBL
(Movimento Brasil Livre) formado sobretudo por integrantes de extrema direita e
financiados por partidos com amplo histórico de corrupção.
Cenas de violência vêm sendo registradas, pessoas ligadas ao
MBL tem engrenado manifestações contra as ocupações, perseguições a ativistas,
agressões, tentativas de invasões e muito material publicado na internet com
falsas informações, despertando o ódio dos seus seguidores.
Um dos argumentos bastante utilizado na tentativa de
deslegitimar as ocupações é atribuir o movimento a partidos de esquerda e/ou centro esquerda, evidenciando sempre a figura do Partido dos Trabalhadores – PT, contudo essa é uma visão inflexível, sórdida, conduzida por
uma motivação seletiva e sobretudo incoerente, pois o fato de alguns ocupantes
terem ligações partidárias não os tornam menos cidadãos ou com direitos suprimidos e além do mais a juventude estudantil vem dando uma aula de
luta e organização popular, coisa que a direita não sabe fazer a não ser
patrocinados ou com grandes interesses pessoais e econômicos.
Atacar os movimentos outorgando-os a premissa de que não
querem estudar, é argumentação frágil, incoerente a luta pela educação. É incompreensível
que pessoas deixem o conforto do seu lar para sofrerem pressões, sobretudo
psicológicas por simplesmente brincadeira, é pífio questiona-los ponderando que
outros alunos querem ter aula. Mas como ter aula se daqui a alguns dias, meses
não terão de fato esse condicionamento, já que concursos poderão ser paralisados,
salários congelados e recursos já insuficientes, estacionados por pelo menos
vinte anos? Estaremos assim, pensando apenas no agora. E o futuro? Deixemos de
ser imediatistas e acomodados.
As ocupações, diferente do que dizem, são movimentadas com
atividades, aulas, aulões e principalmente com o aprendizado natural que corresponde
a convivência, o compartilhamento do mesmo espaço, mantimentos, respeito mútuo
e todos os aspectos básicos inerentes a
sociedade, decrépitos diante do imbróglio de robotização do ser humano.
Há constantemente debates sobre aspectos sociais, culturais,
políticos que despertam nos alunos o interesse em discutir e desenvolver alternativas para
problemas assistidos de perto pela maioria, se não por todos eles.
A escola que eles/nós queremos é diferente, não desejamos
um ensino para formar mão de obra, queremos uma escola contemplante, que
respeite os limites e individualidade de cada um, que as disciplinas ofertadas
não sejam somente as sistemáticas, possibilitando oportunidade e autonomia para
que aqueles que não se sobressaem em disciplinas tradicionais possam trilhar seus
caminhos na música, teatro, na arte ou em qualquer que seja a area de aptidão.
Enquanto escrevo outras ocupações se instauram e mais irão
acontecer, pois o povo de luta não se rende e se hoje temos escolas,
universidades, institutos federais, amanhã teremos outros prédios públicos de
todos os setores afetados ocupados por quem tem coragem para dizer não as
intenções do governo de beneficiar setores privados, não ao desmonte da saúde,
da educação, da previdência, do funcionalismo público.
O movimento estudantil tem aglutinado estudantes, seguidores e apoiadores de todo o país, mostrando sua pluralidade, fazendo florescer a esperança de dias melhores.
O movimento estudantil tem aglutinado estudantes, seguidores e apoiadores de todo o país, mostrando sua pluralidade, fazendo florescer a esperança de dias melhores.
Quem contesta o modelo de luta, esquece que goza de direitos
conquistados através da ação direta, da luta e organização popular.
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