Black Blocs. O que eles realmente tentam quebrar?




O mês de junho deste ano de 2013 foi um marco no Brasil pelo início das manifestações populares, nas capitais em destaque como Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Natal, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre, rapidamente se expandindo em 438 cidades nacionais e também internacionais onde se concentram brasileiros. Juntamente com essas mobilizações surgiram polêmicas em torno da repressão policial e a participação de "organizações" anarquistas, comunistas e esquerdistas, entre os manifestantes o Black Bloc tem sido o mais polêmico principalmente pelo sensacionalismo da mídia em taxá-los incansavelmente como vândalos. Mas afinal o que é um Black Bloc?  Como surgiram? Qual a realidade sobre eles e o que a mídia propaga? O que é verdade e mentira? Bom, vamos responder por partes, conhecendo o início desse movimento e seus conceitos. As pessoas têm tido uma ideia errada sobre o Black Bloc começando por designá-los como (organização).
 
  “Black Bloc é um coletivo formado por indivíduos e grupos de afinidade anarquista que se unem para uma ação. Um dos seus objetivos principais é mostrar solidariedade frente à violência do Estado policial e dirigir uma crítica do ponto de vista anarquista". (Black Bloc Brasil).
  
                                                                                                        Para começo de conversa, o movimento inicialmente foi designado por parte dos soldados alemães como “Schwarzer Block” significando bloco preto, surgindo no ano de 1980 (Alemanha). Após, veio aparecer nas mobilizações do “Pentágono” nos Estados Unidos da América onde passou a chamar-se "Black Bloc" do inglês traduzido como "Bloco Negro" em português. Também esteve durante protestos contra a primeira Guerra do Golfo em 1991, mas o movimento teve um conhecimento significativo na América do Norte, surgindo assim a falsa impressão de que o movimento se iniciou na cidade de Seattle, onde foi palco de inúmeros e importantes protestos antiglobalistas em 1999, na ocasião de uma reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio). Diversos grupos, entre operários, anarquistas e ambientalistas conseguiram bloquear a reunião e iniciaram uma nova época de protestos globais que culminaram na realização do Fórum Social Mundial.



Black Bloc foi o termo surgido de forma confusa na imprensa nacional. Seriam jovens anarquistas anticapitalistas e antiglobalização, cujo lema passa por destruir a propriedade de grandes corporações e enfrentar a polícia. Nas capas de jornais e na boca das âncoras televisivos, eram “a minoria baderneira” em meio a “protestos que começaram pacíficos e ordeiros”. Uma abordagem simplista diante de um fenômeno complexo. (PIERO LOCATELLI, WILLIAN VIEIRA).



         Esse breve comentário resume um pouco do que está ocorrendo no país, isso mesmo "resume" é muito simples divulgar a imagem de "minoria baderneira" sem antes estudar seu histórico. Outro comentário estúpido, foi o de afirmar que "protestos começaram pacíficos e ordeiros", como assim? Protesto segundo o dicionário significa “insurgir-se contra alguma coisa; reclamar; dar demonstrações de repulsa ou revolta contra alguma coisa" então me responda como isso pode ser pacífico e ordeiro? A revolta do povo não acontece de forma pacífica, ninguém sai nas ruas manifestando sujeitos à levarem tiros e spray de pimenta na cara por prazer, é por não existir outra saída, é porque não estava mais dando para suportarem calados, manifestação é uma necessidade de demonstrar a sua indignação contra algo.
Assim funcionam os movimentos que se infiltram e que organizam essas mobilizações, vejam bem ninguém vai sair do conforto de sua casa, para ir as ruas sem ter sido politizado antes, não é só raiva é reconhecimento de uma política, claramente existe alguém politizando as massas para que elas se mobilizem e entendam seu papel como cidadãos. Porém a mídia vem mostrando apenas um lado da moeda uma ideologia que esconde a verdade por trás de um pano, ela mostra uma realidade distorcida deixando apenas metade como total verdade. As pessoas acomodadas a acreditarem em palavras autorizadas acabam acreditando sem se questionar, e não é por menos que o Black Bloc se tornou uma vítima deste sensacionalismo, porém não por completo. 

Veja uma lista de notáveis participações de Black Blocs divulgado pela página Black Bloc Brasil:
 •1992- Washington D.C., Black Bloc no protesto anti-guerra do golfo. Janelas do Banco Mundial destruídas.
•1992- San Francisco, Black Bloc protesta contra os 500 anos de exploração e genocídio promovidos pelo primeiro mundo.
•1999- Philadelphia, 24 de abril, 1500-2000 anarquistas marcham no Black Bloc durante o Millions For Mumia.
•1999- Seattle, 30 de novembro, Black Bloc se engendra na destruição do distrito financeiro central.
•2000- 16 e 17 de abril, o Bloco Revolucionário Anti-Capitalista (RACB) participa dos protestos anti-FMI/BM, em Washington D.C. Entre 700 e 1000 anarquistas participaram no A16.
•2000- Primeiro de maio, Black Blocs em Nova York, Chicago e Portland.
    A grande pergunta que todos se fazem é a mesma: Por que destruir propriedades? As pessoas se perguntam, mas não procuram nada além do que a televisão responde e ainda tem o aparato dos governantes que criminalizam não só os Black Blocs, mas os manifestantes em geral, a mesma mídia que não mostra que o Black Bloc não significa um vandalismo adolescente, eles tem razões políticas embasando todas essas ações, muito além de resumi-los em anarquistas, mascarados e vestidos de preto. Eles quebram e destroem propriedades capitalistas principalmente de origem privada, também as corporações multinacionais que o governo apoia. Anarquistas são contra qualquer tipo de agressão, mas apoiam a auto defesa, oposto ao comunismo, querem acabar com o poder de governação por um Estado ou partido político, são contra as injustiças provocadas pelo sistema capitalista, um dos laços mais valorizados entre eles é a solidariedade, ao contrário do que pensam não é um movimento desorganizado, são na verdade defensores da liberdade.
  Um dos precursores do anarquismo foi William Godwin (1756 - 1836) que, já naquela época, propunha um novo tipo de arranjo social em que as pessoas não estivessem subordinadas à força dos governos e leis. Em sua perspectiva, acreditava ser possível que em um contexto dominado por princípios racionais e equilibrado entre as necessidades e vontades, seria possível conduzir a vida em sociedade. Além disso, também defendia o fim da propriedade privada. (RAINER SOUSA, GRADUADO EM HISTÓRIA).
                
Porém, qual o motivo de tantos vandalismos nas mobilizações brasileiras? Por que tantos camelôs e comerciantes perdem seus bens se nada tem a ver com a política dos Black Blocs? Ora, em uma manifestação com milhares de pessoas é muito difícil saber quem é quem e impedir que vândalos se infiltrem pelo meio e se aproveitem para fazer um arrastão ou vandalismo por prazer mesmo. Outra coisa que contribui muito para esses atos é o fato de que algumas pessoas se dizem Black Blocs más não têm o mínimo de fundamentos e conhecimentos básicos sobre a própria política daquilo que pensam seguir, muitos acham que é só vestir preto usar máscara e sair ateando fogo, quebrando tudo e pronto, "sou um black bloc”.

O uso de máscaras é uma tática contra o reconhecimento por parte da polícia que fazem uma busca e criam uma ficha para incriminar e caçá-los, promovem anonimato e identidade comum a todos, protege também aqueles que agem de maneira ilegal na busca de libertação de algum manifestante que tenha sido apreendido pela polícia. Mas, os vândalos e marginais se aproveitam disso para poderem roubar e fazerem suas barbaridades dentro das mobilizações, sendo, portanto somente essa parte publicada pela mídia corporativa. Outro fato que confunde muito é mistura de Black Blocs anarquistas com alguns outros comunistas um tanto contradiz a política deles, porém são comunistas que acreditam na ação direta contra o Estado, o que os fazem se aproximar ao pensamento anarquista.
As mobilizações que mais têm chamado atenção ultimamente são as do Rio de Janeiro e São Paulo, dos movimentos Black Blocs desses lugares existem diferentes formas em suas ações como demonstram os depoimentos de Militantes e representantes de movimentos nos respectivos Estados:
   
    "Black Bloc não é um grupo, mas uma tática de manifestação, então, qualquer pessoa pode usar, incluindo pessoas despolitizadas ou mal-intencionadas. Mas comunistas também participam, é o que ocorre aqui no Rio. Comunistas e anarquistas (alguns autênticos anarquistas, outros pseudos). Procuramos politizar o máximo e dar uma centralização nas ações, pois sabemos que os Black Blocs podem fazer uma merda no calor do momento, como quebrar barracas de vendedores ambulantes (isso, supostamente, aconteceu em SP), Mas aqui no Rio direcionamos as manifestações de modo que os Black Blocs fiquem voltados para os atos de resistência. Um ato pode estar com ânimos exaltados, mas é possível que as organizações envolvidas mantenham a linha, só que quando a PM inicia sua repressão arbitrária aí o bicho pega e a resistência acontece. Aqui no RJ, alguns Black Blocs limparam seu nome com a população ao defenderem professores dos cacetes e bombas.
Desde que comecei a militar e ir para protestos, a gente sempre apanha da PM, mas a partir de junho, passamos não só a apanhar, mas a resistir. Quebramos bancos, porque estamos descontentes com o sistema capitalista (isso é uma coisa que até mesmo os despolitizados fazem, não é preciso ser anarquista/comunista para ser anticapitalista), e algumas lojas de grife, como Toulon também foram vítimas. Não porque queremos levar a marca ou o banco a falência, sabemos que isso nem faz cócegas nos bolsos da burguesia, mas o ato é simbólico, como a própria manifestação em si.
Ao resistir a repressão, nós utilizamos de alguns meios, como pedras, bombas e rojões e as vezes alguns motolovs (bombas artesanais). Eu não sou a favor da violência, mas quando o governo nega o diálogo, mesmo quando protestamos pacificamente, optando pela repressão e criminalização então só nos resta o radicalismo.
Quando eu digo comunistas, me refiro até as organizações comunistas independentes de partidos. Enfim, sabe qual está sendo o resultado disso tudo? Descontentamento com a democracia representativa burguesa.
E quanto maior a repressão, maior é a resistência. No último ato aqui no RJ, um manifestante foi baleado no braço. A mídia a gente já sabe como funciona. O maior problema são os governantes "progressistas" que nos criminalizam, como fez a Dilma. Eles se afirmam como progressistas, mas não possuem vergonha de estar com o pior que temos na política. E alguns têm tidos posições claramente à direita. “Concessões, partilhas, repressões, por exemplo.”
                                      (Depoimento de Antônio, militante comunista da Unidade Vermelha, estudante do curso de Administração na Estácio de Sá, 22 anos Rio de Janeiro- RJ.)
Antônio é um militante, e pode-se perceber que bem politizado segue sua corrente de pensamento e deixa claramente explicita sua real e efetiva participação nas recentes mobilizações, ou seja, este é um depoimento real e verídico sobre o seu raciocínio, conhecimento em torno no assunto e também um esclarecimento do comportamento real dos Black Blocs nas movimentações do Rio de Janeiro.

   Em São Paulo o movimento dos Black Blocs aparece também em meio aos manifestos como demonstra o depoimento a seguir:
     
"Pois é, eu tenho vários amigos Black Blocs, já briguei muito com eles. Eu apoio os camaradas anarquistas, mas não concordo com essa tática deles. Eu penso que são totalmente compreensíveis algumas atitudes tomadas, más não justificáveis. Esses atos de quebra quebra são eficazes para chamar atenção, mas acontece que, infelizmente, a maioria esmagadora do trabalhador é profundamente reacionária e compra o discurso da mídia. A grande maioria da classe trabalhadora não aceita ainda esses atos como revolta e resposta a opressão, eles simplesmente entendem como baderna. Na minha visão uma coisa é certa, sem o trabalhador na rua, sem as categorias na luta, não adianta ficar querendo ser herói, anarquistas e comunistas não são melhores que ninguém e não devem lutar sozinhos, muito pelo contrário, devem conscientizar e organizar os trabalhadores de todas as categorias para a luta. Devem defender os interesses dos trabalhadores e não os interesses próprios. Muitos Black Blocs aqui em SP querem ir pra rua, mas não estudam, e parceiro se você quer ir pra rua sem estudo, sem noção da realidade, você já começou fodido. Se quer ser revolucionário pega nos livros e analisa bem a conjuntura do momento, para saber contra o que e contra quem você está batendo de frente. Ficar quebrando as coisas, pode até significar simbolicamente, mas não contribui muito para a luta de classes na minha opinião.
E não é só infiltrado que começa com a quebra quebra não, infelizmente é a grande maioria do grupo. Falta de conhecimento político e histórico. Não se faz revolução com pedra e estilingue, ou se faz luta direta, com o trabalhador armado até os dentes ou então trabalha para construir isso, uma conjuntura favorável a luta direta e resistência. O trabalho de base é fundamental nessa questão da construção desse cenário.
 Por aqui a maioria dos anarquistas tem um pensamento muito individualista, eu tenho muita resistência a eles. Meus colegas comunistas brigam comigo por causa disso, mas infelizmente os anarquistas não colaboram. Penso que deveríamos agir, pela razão e com objetividade, mas não tem nada disso acontecendo das manifestações em SP. No Rio de janeiro aconteceu, inclusive saí em defesa dos Black Blocs do Rio, eles defenderam os professores, fizeram um cordão de isolamento e resistência, mas em São Paulo? Me deu até vergonha, foi provocação contra a polícia a manifestação inteira, depois eles saem correndo e é o povão que se fode apanhando. Um companheiro ficou cego recentemente, o Brasil inteiro ficou sabendo, o companheiro Vitor, que filma para um grupo chamado Dia do Basta. E então? Vamos provocar a polícia, apanhar, e ficar cegos até quando?
 Essas lutas diretas são muito importantes, mas infelizmente nós não temos cenário e nem força para bater de frente e segurar o rojão, o trabalho de base e conscientização, participação nos sindicatos devem ser a base de luta dessa galera, para construir o cenário, se isso não acontecer vai ficar complicado. Não dá para sair querendo revolução e poder popular sem o engajamento das categorias, entende? Os trabalhadores unidos e com consciência são a arma mais poderosa.".
  (Depoimento de Carlos Marcos -nome fictício- graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Metodista de São Paulo, 23 anos, Militante do POM *organização para construção do partido operário marxista e militante pela educação atuando nas escolas e sindicatos, Diadema - SP).
Carlos Marcos, não quis se identificar por segurança, pois ele esteve à frente de grandes e importantes manifestos em São Paulo, seus pais também são ativistas desde a ditadura militar, participou dos movimentos de ocupação para moradia em Diadema, nas greves dos professores, assembleias na paulista, nas manifestações de junho em SP, e nos movimentos de esquerda no ABC paulista. Com toda essa bagagem se identificar seria arriscado. Fica claro em seu depoimento a diferença que até ele mesmo exalta entre o comportamento dos Black Blocs de São Paulo e Rio de Janeiro.
       O Portal Geledés Instituto da Mulher Negra, publicou uma entrevista com uma estudante de 23 anos que escolheu nome fictício de Luan, para conversar com a reportagem pelo telefone, a própria não se identificou de forma alguma e só entrou em contato com a redação após seu primeiro contato com a página "Black Bloc RJ" no Facebook, em seu depoimento a estudante diz:  
   "Aí, um dia eu olhei para mim, me vi com verde e amarelo no rosto e pensei: por que estou assim, já que eu não tenho orgulho disso? Aí eu pensei: preto combina muito mais".
  “Eu não conhecia o movimento Black Bloc antes. Aí você começa a ir para a rua, começa a conhecer melhor e perceber que aquilo (o movimento) te representa muito mais".
 “Os black blocs é como uma tática de manifestações cujo o objetivo é proteger os manifestantes da repressão policial".
Luan é o ponto onde as pessoas não entendem e nem procuram entender, ela tinha um conhecimento histórico e político, pois sua ira contra as cores da bandeira demonstra a sua indignação, pelo fato dela ser conhecedora de que as cores representavam a propaganda ditatorial. Mesmo sem conhecer o Black Bloc ela se sentiu simpatizada, e pesquisou sobre, quando ela afirma:
  “Quebrar bancos é uma revolta contra o sistema bancário. Quanto a quebrar orelhões e lixeiras, isso é parte da tática para evitar o avanço da polícia, é para fazer uma barricada mesmo". 
Ela deixa bem claro que tem conhecimento básico sobre o assunto, mas o que não significa que tenha fundamentos sobre o movimento, sobre as raízes, correntes de pensamentos ou embasamento político. Luan ainda tem muito que aprender, mas fato é que ela conhece algo, o problema é aqueles que se infiltram levados pela mídia, sem o menor conhecimento de onde estão entrando, do que estão enfrentando, muito menos o que estão em busca de defender, achando que é apenas chegar vestir preto e meter o pé quebrando tudo. Nos depoimentos anteriores de Antônio e Carlos Marcos, percebemos a diferença de comportamento dos Black Blocs de Estado para Estado.
        A mídia nacional tem publicado inúmeros atos como forma de "vandalismo", culpando quase que exclusivamente o Black Bloc de forma direta e indireta, chamados de mascarados, vândalos, marginais e coisas do gênero a televisão acaba passando somente uma imagem de medo, terrorismo e baderna. Imagens de ônibus em chamas, barricadas com orelhões e pneus, bancos sendo apedrejados e nada além de imagens e comentários embasados em sensacionalismo baixo.  O problema é que não discutem as causas dessas ações, não contam que existem mudanças de ação em ação dentro do grupo de manifesto para manifesto, não falam sobre seu surgimento e seus motivos de engajamento nas recentes mobilizações, a culpada dessa total imagem negativa claramente é a televisão e algumas revistas, porém a revista e a pagina online “Carta Capital" no mês de agosto publicou uma interessante matéria com o título” O Black Bloc está na rua", que demonstra uma realidade bem diferente diante do que a mídia televisiva pública.
Entre os últimos acontecimentos diante das mobilizações, gente inocente tem sido baleada ou morta pelos policiais, e a justificativa é de que a culpa é dos vândalos que provocam a baderna, mas afinal quem é que está usando armas e quem está usando pedras? Manifestantes querem seus direitos, Black Blocs deveriam estar lá apara ajudá-los, e não para fazer a maior bagunça, deixá-los no quebra-quebra e sair de fininho. Mas mesmo que isso aconteça não se justifica o fato de os policiais terem carta branca para meter tiro ou spray de pimenta, não justifica apreender pessoas inocentes, e torturá-las, não é justo tirar a roupa de uma manifestante e ridicularizá-la na frente de todos.
O que realmente está acontecendo é a inversão de papéis entre povo e Estado opressor, consequentemente a mídia se aproveita para manter essa “realidade” contrária, pois sabemos que o governo depende de mídia, e vice-versa. É importante que a população se conscientize das diferenças entre os possíveis grupos que surjam dentro de uma mobilização e que possa repassar essa politização para os que pretendem entrar em qualquer movimento. Enquanto a sociedade tiver a ideia de que o Estado é quem manda e de que nada pode ser feito para mudar essa situação, o país continuará assim com um governo cometendo erros e uma mídia encontrando sempre alguém para poder colocar a culpa.  

      Fica óbvio que por ser uma tática de manifestação, o Black Bloc aceita integrantes de todas as partes, não tem como distingui-los dentro de uma mobilização. No caso do Rio de Janeiro quando agiram em defesa dos professores, se aproximaram bem mais do pensamento solidário, o que não quer dizer que em outros momentos vândalos não tenham se infiltrado também, enquanto que em São Paulo a desorganização provoca baderna e vandalismo, a mídia se aproveita para propagá-la dessa forma resumida. Sem distinção, sem observações e sem real conhecimento sobre o movimento. O maior problema é que isso causa revolta e medo por parte das massas, obrigando-as a se manterem em casa, ou pior essas matérias muito resumidas a violência fazem as classes se revoltarem contra os movimentos e também contra qualquer tipo de manifestação, o que é contrário ao ideal de mobilizar o país contra a opressão e ditadura do governo. 
O vandalismo de fato tem marcado as mobilizações nacionais, porém não significa que se deve homogeneizar isso como consequência das manifestações, porque não é. Pensando bem se tivéssemos uma boa política, se tivéssemos um bom governo, não teriam pessoas roubando para comer, não teríamos tanto dinheiro concentrado em poucas mãos, teríamos qualidade de vida e não precisaríamos estar aqui tentando provar que estamos certos em poder reivindicar nossos direitos. Politização, é essa a solução do povo, não adianta milhões de pessoas nas ruas, tirando foto, gritando, com a cara pintada ou usando capuz se não sabem o motivo de estarem lá.
Não existe revolução sem mudança de pensamento, sem conhecimento sobre política, revolução não acontece em sociedade que funciona à base de politicagem barata. Black Bloc quebra com consciência simbólica, para tentar mostrar que aquele sistema é o que quebra o seu conhecimento, e sua capacidade de entender política, vândalo quebra para se divertir, para ter prazer em aparecer, pessoas fracas talvez, Black Blocs querem quebrar as amarras desse capitalismo sujo, que te mantém preso e escravizado em seus próprios pensamentos egoístas são libertários que estudam e conhecem seus propósitos de sociedade. E fica dito vandalismo é diferente do movimento Black Bloc, alguns se dizem ser o que não são e a sociedade acaba acreditando naquilo que não sabe.


Escrito por, Leidiana Ximenes de Araújo. Estudante do curso de Ciências Sociais na Universidade Estadual Vale do Acaraú - Sobral- Ceará, 20 anos. Ativista e militante do Movimento Estudantil.

Comentários

  1. Parabéns pela matéria Leidiana!
    Só é uma pena que poucos leram, e outros ainda destorçam a história!
    Merece ser divulgada...

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  2. Obrigada Iara, vamos tentar divulgar mais .. fico feliz com a sua aprovação, obrigada !

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